Estudo pioneiro com CBD isolado em meninos autistas indica potencial terapêutico na socialização.
- Flavia V. França
- 8 de ago.
- 2 min de leitura

Um estudo conduzido recentemente pelo Centro de Pesquisa em Cannabis Medicinal da Universidade da Califórnia, em San Diego, trouxe novas perspectivas sobre o uso do canabidiol (CBD) como alternativa terapêutica em meninos com transtorno do espectro autista (TEA). O estudo é o primeiro do tipo com CBD isolado, placebo controlado para essa população específica.
O objetivo do estudo foi avaliar a eficácia, segurança e tolerabilidade do CBD isolado em meninos autistas com comportamentos de agressividade, hiperatividade e dificuldades de socialização. Para isso, os participantes foram submetidos a avaliações comportamentais antes e depois de cada fase do estudo. A quantificação plasmáticas de CBD também foi considerada.
O Desenho Experimental

30 meninos com idades entre 7 e 14 anos e com sintomas comportamentais intensos participaram do estudo. A pesquisa foi conduzida por um desenho cruzado e randomizado: metade dos participantes recebeu até 20 mg/kg/dia de CBD isolado (Epidiolex®) durante oito semanas e depois passou pelo tratamento placebo, enquanto a outra metade fez o caminho inverso. Foi adotado um período de janela terapêutica entre as duas fases (quatro semanas sem tratamento), para garantir a neutralização dos efeitos anteriores.

Principais achados
Segurança comprovada: O CBD foi bem tolerado por todos os participantes, sem efeitos colaterais graves. Isso é especialmente relevante em populações pediátricas e neurodivergentes, onde a segurança do tratamento é prioridade.
Melhora clínica observada em dois terços dos meninos: Apesar de não haver diferenças estatisticamente significativas nos escores globais de comportamento, os médicos observaram melhoras em cerca de 66% dos participantes que utilizaram CBD.
Redução de agressividade e hiperatividade: Esses foram os sintomas com maiores índices de melhora. Segundo os avaliadores, o alívio desses comportamentos representa um ganho importante para o bem-estar dos jovens e de seus cuidadores.
Avanços na comunicação: Cerca de 30% dos meninos também apresentaram progresso na comunicação — uma dimensão particularmente sensível no autismo, que afeta diretamente a integração social e a autonomia.
! Importante destacar: o feito placebo foi evidente no estudo. Tanto o grupo CBD quanto o grupo placebo apresentaram melhora durante o estudo, indicando um efeito placebo robusto. No entanto, os efeitos positivos foram mais consistentes e intensos no grupo que utilizou o canabidiol.
Reflexões para a prática clinica.
Embora os dados não confirmem uma eficácia universal do CBD, eles reforçam seu perfil de segurança e apontam para possíveis benefícios comportamentais em subgrupos de pacientes.
Referência: Trauner, D., Umlauf, A., Grelotti, D.J. et al. Cannabidiol (CBD) Treatment for Severe Problem Behaviors in Autistic Boys: A Randomized Clinical Trial. J Autism Dev Disord (2025). https://doi.org/10.1007/s10803-025-06884-y
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